quarta-feira, 13 de julho de 2011

Visão dos Fatos

E se aos poucos você fosse perdendo o sentido da visão e as cores fossem se apagando, as expressões sumindo, os detalhes perceptíveis a esse sentido não mais o pertencesse e esse estado físico se tornasse permanente e irreversível, caracterizando-se assim como cegueira como você se comportaria?

A deficiência visual é caracterizada por uma situação irreversível de perda total ou parcial da visão que, mesmo com tratamento clínico ou cirurgias, tem sua resposta visual reduzida ou inexistente. Dentre as causas da perda da visão podemos destacar doenças infecciosas, acidentes, ferimentos, envenenamentos, tumores, doenças gerais e influências pré-natais e hereditariedade.

Louro Assis, natural de Castro Alves – interior da Bahia, tem 72 anos, reside na cidade de Simões Filho há 40 anos e há 18 anos, por acidente de trabalho, perdeu o sentido total da visão. Ele conta que já passou por muitos problemas e que o preconceito é o pior deles. “Eu tenho tentado romper as amarras e como se faz isso? Você botando a cara para mostrar a sociedade que você não um inútil. Agora, que o preconceito existe não podemos negar.”

O estatuto da pessoa portadora de deficiência assegura a integração e a inclusão social e o pleno exercício dos direitos individuais e coletivos das pessoas que apresentam limitação em suas atividades devido à sua deficiência. No entanto essas garantias ficam presas no papel, na prática do dia-a-dia os portadores de deficiência enfrentam uma outra realidade. “Por exemplo, temos a tal da Lei nº 8.213 – que obriga as empresas a empregar um percentual de cegos e elas não atendem. Quando o fazem, exigem ainda experiência. Só que o deficiente não está preparado.”

Os portadores de deficiência ainda são vistos pela sociedade como pessoas incapazes de realizar atividades de entretenimento é o que conta Louro Assis. “Um vez eu estava em uma festa com a minha esposa e fui dançar, quando voltei para a mesa uma pessoa chegou e falou que não sabia que cego podia dançar. A sociedade analisa a limitação e não a pessoa como ser integrante da sociedade.”

Incansável e participante direto da sociedade, este senhor, encontrou nos meios de comunicação, uma ferramenta para levar ao conhecimento de todos a sua visão dos fatos. “Antes de eu perder a visão eu sempre fui uma pessoa muito ativa, sempre participei dos movimentos sociais e sindicais, eu sempre fui ligado à informação e principalmente a comunicação. Com isso fiz muitos amigos e comecei a participar das emissoras rádio da capital baiana como: Excelsior, Sociedade, Metrópole e em algumas vezes da Cultura. Sempre levando o posicionamento e a visão de um membro da sociedade que tem as suas limitações, que é participante e que nunca deixou de existir.”

Ser portador de uma ou mais deficiência não impossibilita o cidadão a ser participante da sociedade e desenvolver ações que assegurem a sua inclusão no contexto sócio-econômico e cultural. “Eu me sinto muito bem por que de uma maneira ou de outra eu estou contribuindo para o desenvolvimento da sociedade democrática, juntamente com os meios de comunicação que interajo. Hoje faço partições fixas na Simões Filho FM, no programa: Bom dia Simões Filho.”

Além das participações no rádio, Louro Assis, com a ajuda de um digitador, posiciona-se sobre os mais diversos temas da atualidade em seu blog - louroassis.blogspot.com. “Esse blog foi criado por incentivo do meu filho Cristiano que é professo da rede estadual e eu abracei a idéia. Ali no blog eu coloco a minha visão dos fatos e muitas vezes falo sobre a deficiência “cegueira” que são informativos, tentar suprir a necessidade da sociedade que é totalmente desenformada e muitas vezes não sabem como lidar com uma pessoa portadora de deficiência. Algumas pessoas querem até ajudar, mas não sabem como e eu acabo usando das minhas experiências para alertar e ajudar as outras pessoas, o modo correto de oferecer ajuda ao portador de deficiência. Afinal eu já sofri muito na pele.”

Muito querido, Louro Assis é referencia na Simões Filho FM, rádio onde faz participações semanais. “Esse grande homem é de uma inteligência inconfundível, os seus comentários são de uma precisão imediata e a rádio tem essa característica. O que se fala repercute imediatamente. É o que diz Jairo Mascarenhas Diretor da rádio.

“Uma certa vez ouvi do próprio Louro Assis, que: “Conviver com uma pessoa portadora de deficiência é uma arte e que ele não se sentia constrangido quando alguém não sabe lidar ele” e isso nos faz repensar no modo de tratar cada pessoa como um individuo particular da sociedade. É o que conta o Radialista.”

De acordo com a Constituição brasileira em seu artigo 37 - Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações. As participações do portador de deficiência ajudam a conscientizar a população que independente do seu estado físico ele existe, fala, anda e comunica-se.

Um comentário:

  1. Nossa! Que lição de vida, hein!!!
    É de jornalistas assim, com sensibilidade no que fazem que o mundo precisa! Parabéns!
    Beijos!

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