Pedro Mascarenhas: Mulheres que Cantam e Encantam

Divididas entre a fama e a responsabilidade de bem representar a classe feminina, as cantoras brasileiras e em especial as Baianas, destacam-se pelas belas apresentações e interpretações. Mulheres que lutaram para exercer o direito de cantar, o direito de ser artista. Há muito tempo, uma mulher ser artista, era uma posição mal vista pela sociedade, a mulher tinha que se contentar em ser apenas a dona de casa.

É impossível falar delas sem fazer uma comparação de territorialidade, quando em 1910, parte de Portugal, para o Rio de Janeiro, “Apequena notável” – Carmem Miranda. E em 1929, Carmen canta num festival, organizado pelo baiano Aníbal Duarte, no Instituto Nacional de Música no centro do Rio. Josué de Barros, compositor e violonista baiano, passa a se interessar por sua carreira — promove-a junto às estações de rádio, clubes

e gravadoras. A sua primeira vinda há Salvador foi em 1932. No dia 27 de fevereiro de 1939, Grava com Dorival Caymmí "O Que É Que a Baiana Tem".

“Tem torço de seda, tem!

Tem brincos de ouro tem!

Corrente de ouro tem!

Tem pano-da-costa, tem!

Sandália enfeitada, tem!

Tem graça como ninguém

Como ela requebra bem!”
Dorival Caymmi

Na regressão relembramos da grande Protagonista Carmem Miranda, que destaca a Baiana. Retomando a contemporaneidade, além de destacar as grandes estrelas Ivete, Daniela, Claudia Leite, Maria Bethania e Margareth. Originalmente baianas e com a mesma consubstancia destaco ainda outras duas estrelas.

A primeira a ser destacada, foi descoberta por Caetano Veloso durante um ensaio do Bando de Teatro Olodum, em Salvador, em 1997. De origem humilde, traz referências populares e líricas do que ouviu na infância e juventude. O seu canto vagueia entre o erudito e o popular.

Ex-manicure e com um timbre de voz fenomenal, Virgínea Rodrigues, realizou, em um ano, duas turnês pelos Estados Unidos, shows na Europa e foi entrevistada por David Byrne, ao vivo, na televisão americana. Nos Estados Unidos, Europa e Japão, o primeiro disco de Virgínia saiu pela gravadora Rykodisc, de propriedade de Cris Blackwell, o mesmo que popularizou nomes como Bob Marley, Peter Tosh e U2. Seu canto primoroso e sofisticado entoa músicas do Ilê Aiyê, Olodum, Timbalada, Ara Ketu e Afreketê.

A segunda a ser destaca, vem de berço artístico, como ela mesmo fala: “- Na minha casa todo mundo cantava ou tocava algum instrumento”, dona de um timbre de voz muito raro, o contralto, começou sua carreia artística como vocal de apoio para Timbalada, Carlinhos Brow e Márcia Freire. Seu primeiro show solo aconteceu no Pelourinho no projeto Dia e Noite, em dezembro de 1996. Produtores franceses que estavam em Salvador se interresaram pelo seu talento e então seguiram para a França, onde realizou vários shows que foram bem recebidos pela crítica local. Quando voltou ao Brasil, no entanto, demorou sete anos para conseguir gravar o seu primeiro álbum, Abre Caminho.

Mariene Bezerra de Castro,cantora e compositora baiana de samba e MPB, resgata as raízes musicais e culturais deixadas pelos povos africanos, raízes essas que fazem parte de nos. Estabelecendo uma conexão entre o Samba de Roda e o Candomblé, Mariene de Castro emociona e evidencia as características da seita religiosa da qual faz parte.